A pandemia de covid-19 desencadeou uma crise econômica global, expondo fragilidades pré-existentes e ampliando desigualdades. As medidas de isolamento social, fundamentais para conter a propagação do vírus e proteger vidas, geraram profundas transformações no cenário econômico, levantando questões sobre os custos e os benefícios desse tipo de intervenção.
De um lado, as evidências científicas demonstravam a eficácia de medidas mais rígidas como o lockdown em reduzir novos casos e aliviar a pressão sobre os sistemas de saúde. Estudos apontaram que, quando associado a outras medidas de prevenção, como rastreamento de contatos e quarentena de doentes, o lockdown foi essencial para mitigar a transmissão do vírus e salvar vidas. No Brasil, por exemplo, o Conselho Nacional de Saúde (CNS), já em maio de 2020, recomendava a adoção dessas medidas em regiões com alta taxa de transmissão e ocupação crítica dos serviços de saúde.
Por outro lado, as restrições de mobilidade tiveram um impacto significativo na economia, especialmente em setores como comércio, turismo e serviços, levando à queda de empregos e redução de renda. Empresas, principalmente pequenas e médias, enfrentaram dificuldades em manter suas operações, e trabalhadores informais, mulheres e jovens sofreram desproporcionalmente com a crise. Ao mesmo tempo, a disseminação do trabalho remoto e a adoção de políticas públicas de transferência de renda demonstraram que é possível mitigar parte dos efeitos econômicos negativos do isolamento social.
A resposta governamental à crise era, portanto, imprescindível para proteger a população e a economia. Países de alta renda implementaram pacotes robustos de estímulo econômico, enquanto economias emergentes enfrentaram limitações para mobilizar recursos. As evidências reunidas neste acervo mostram que, no Brasil, a falta de gestão da crise sanitária e a incapacidade do governo em lidar com essa situação fez com que tanto a pandemia quanto os efeitos na economia não fossem controlados, gerando uma catástrofe sanitária e econômica.Apesar dos desafios econômicos, o lockdown revelou-se uma ferramenta importante para salvar vidas durante a pandemia. Porém, para garantir que futuras crises sejam enfrentadas com menor custo humano e econômico, é imprescindível repensar estratégias de políticas públicas que aliem proteção à saúde e suporte à economia, promovendo uma recuperação mais equitativa e sustentável para todos.
