Descrição
Reportagem do UOL apresenta compilado de declarações do então Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre a vacinação contra a covid-19.
Até essa data, registravam-se 203.580 óbitos pela covid-19.
Dados do site https://covid.saude.gov.br
Informações Gerais
Descrição
Reportagem do UOL apresenta compilado de declarações do então Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre a vacinação contra a covid-19.
Tipo da evidência
Formato
Atores envolvidos
Temas
Agentes institucionais envolvidos
Número de óbitos registrados na época em que este fato aconteceu
203580
Dados da fonte de informação
Data da publicação
11 de janeiro de 2021
Título original
Vacinação começa no dia D e na hora H: o que Pazuello já falou sobre covid e imunização
Fonte de coleta (Dados da fonte de informação)
UOL - Universo Online
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O que diz a ciência
Conteúdo sobre o que diz a Ciência
As falas do então Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, questionando a pressa no início da vacinação e adiando a apresentação de um plano de campanha de imunização contra a covid-19, refletem uma postura de omissão e minimização da gravidade da pandemia que marcou a gestão federal durante um dos momentos mais críticos da história recente do Brasil. Enquanto milhares de pessoas perdiam suas vidas diariamente por causa do vírus, a falta de ações coordenadas e eficazes por parte do governo federal contribuiu para o agravamento da crise sanitária, transformando o Brasil em um dos epicentros globais da pandemia.
Desde os primeiros meses de 2020, as evidências científicas já apontavam para a gravidade da covid-19. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência de saúde pública de importância internacional em 30 de janeiro de 2020, e em março do mesmo ano caracterizou a doença como uma pandemia. Estudos mostravam que o vírus se espalhava rapidamente, inclusive por meio de indivíduos assintomáticos, e que causava complicações severas, como pneumonia, síndrome respiratória aguda grave e falência múltipla de órgãos. A taxa de mortalidade era especialmente alta entre idosos e pessoas com comorbidades, e os sistemas de saúde ao redor do mundo corriam o risco de colapso.
No Brasil, a Portaria nº 188, de 3 de fevereiro de 2020, já havia declarado Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN), reconhecendo a complexidade da situação e a necessidade urgente de medidas de prevenção e controle. No entanto, o governo federal falhou repetidamente em agir de forma coordenada e eficiente. Enquanto países que adotaram medidas rigorosas conseguiram mitigar os impactos da pandemia, o Brasil vivenciou uma resposta fragmentada, marcada pela falta de um plano nacional de combate à covid-19.
A demora na aquisição de vacinas e a ausência de um plano claro de imunização foram especialmente graves. Nações ao redor do mundo corriam para garantir doses e iniciar suas campanhas de vacinação, mas o governo brasileiro hesitou, questionou a eficácia das vacinas e adiou decisões cruciais. A CPI da pandemia trouxe à tona as recusas do governo brasileiro em comprar antecipadamente as vacinas contra a covid-19. O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou em depoimento à CPI que a primeira oferta de vacinas contra a covid-19 foi feita ao Ministério da Saúde em 30 de julho de 2020, mas não houve resposta por parte do ministério. Se a compra tivesse sido feita na época, 60 milhões de doses teriam sido entregues no último trimestre de 2020. Da mesma forma, o presidente regional da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, afirmou em testemunho à CPI da Pandemia que o governo não respondeu às ofertas feitas em agosto de 2020. Ficou evidente, a ausência de um planejamento adequado para uma campanha de imunização por parte do Ministério da Saúde, o que reflete, em grande medida, a postura de subestimar a gravidade da pandemia, adotada pelos agentes públicos responsáveis pelo controle sanitário. As falas de Pazuello, questionando a “pressa” na vacinação, ignoram o fato de que a imunização em massa era a única forma de conter a disseminação do vírus, reduzir o número de mortes e desafogar o sistema de saúde. A vacinação era uma questão urgente diante da gravidade da crise sanitária; no entanto, houve uma clara minimização da gravidade da pandemia por parte de membros do governo federal, como o ministro Eduardo Pazuello e o próprio presidente Jair Bolsonaro que frequentemente propagaram informações falsas, descredibilizaram as medidas de prevenção e incentivaram aglomerações, contribuindo para a disseminação do vírus.
Apesar da demora na aquisição das vacinas, a pressão de diversos setores da sociedade forçou o governo a comprar vacinas e iniciar a campanha de vacinação ainda em janeiro de 2021, priorizando grupos de risco. No entanto, falhas na logística impediram que a cobertura vacinal avançasse de forma ágil, e assim vivemos uma das piores fases da pandemia, em abril de 2021, quando o país registrava mais de 4 mil mortes diárias. Gradualmente, com o aumento da cobertura vacinal, observou-se o controle da pandemia, permitindo o retorno às atividades presenciais e à convivência social. As vacinas contra a covid-19 confirmaram-se seguras e eficazes no cenário real, conforme já indicavam os estudos de fase 3. Os dados acumulados até o momento reforçam a segurança desses imunizantes e comprovam que o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional, declarado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2023, só foi possível graças ao avanço da vacinação em escala global. A imunização em massa mostrou-se decisiva para controlar a disseminação do vírus, reduzir drasticamente as taxas de mortalidade e permitir a retomada da normalidade após um dos períodos mais desafiadores da história recente.
A omissão e a minimização da pandemia não foram apenas falhas de gestão, mas escolhas políticas que custaram vidas. Enquanto o governo federal hesitava em agir, a sociedade brasileira pagou o preço com a perda de entes queridos, o sofrimento de famílias e o luto coletivo. É fundamental que essas ações e omissões sejam devidamente investigadas e responsabilizadas, para que tragédias como essa não se repitam no futuro. A saúde coletiva e a defesa da vida devem ser prioridades absolutas do Estado, especialmente em momentos de crises.
Fontes
Brasil bate marca de 4 mil mortes por covid registradas em um dia pela 1ª vez e soma 337,6 mil na pandemia. G1 Globo. 6 abr 2021. | Brasil poderia ter sido primeiro do mundo a vacinar, afirma Dimas Covas à CPI. Senado Notícias. 27 mai 2021. | Brasil. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico - Volume 54 - nº 10. Monitoramento da segurança das vacinas covid-19 no Brasil até a semana epidemiológica n.º 11 de 2023. | CDC. U.S. Centers for Disease Control and Prevention. Coronavirus Disease 2019 (covid-19) Vaccine Safety. 30 out 2024. | Cristaldo H, Brandão M. Vacinação contra a covid-19 começa em todo o país. Agência Brasil. 19 jan 2021. | FDA U.S. Food and Drug Administration. Covid-19 Vaccine Safety Surveillance. 07 dez 2021 | Graña C et al. Efficacy and safety of covid-19 vaccines. Cochrane Database Syst Rev. 2022. | Instituto Butantan. Immunization of Serrana’s population with Butantan’s vaccine has a high decrease of 80% cases and 95% in deaths by covid-19. 31 mai 2021. | OPAS, Organização Pan-americana da Saúde. OMS declara fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional referente à covid-19. 5 mai 2023. | Representante da Pfizer confirma: governo não respondeu ofertas feitas em agosto de 2020. Senado Notícias. 13 mai 2021. | WHO, World Health Organization. Vaccine efficacy, effectiveness and protection. 2021.