-
“Se alguns dos governantes não estivessem subservientes à narrativa única da mídia e adotassem as medidas que realmente salvaguardassem a vida humana, não flexibilizariam os protocolos da ANVISA para satisfazer o poderoso lobby das indústrias farmacêuticas, promovendo as controversas vacinas experimentais, apresentando-as como solução final para a pandemia, mas cujos efeitos adversos e óbitos decorrentes de sua utilização, vêm crescendo a cada dia.”
Descrição
Em abaixo-assinado, o movimento Médicos Pela Vida desincentiva a vacinação, atribuindo a ela diversos óbitos.
Até essa data, registravam-se 383.502 óbitos pela covid-19.
Dados do site https://covid.saude.gov.br
Informações Gerais
Descrição
Em abaixo-assinado, o movimento Médicos Pela Vida desincentiva a vacinação, atribuindo a ela diversos óbitos.
Tipo da evidência
Formato
Temas
Agentes institucionais envolvidos
Número de óbitos registrados na época em que este fato aconteceu
383502
Dados da fonte de informação
Data da publicação
22 de abril de 2021
Título original
ABAIXO-ASSINADO CARTA DO BRASIL - 2021 MOVIMENTO LEGISLAÇÃO E VIDA
Fonte de coleta (Dados da fonte de informação)
Médicos Pela Vida
Link para archive.org (way back machine ou outra plataforma)
O que diz a ciência
Conteúdo sobre o que diz a Ciência
O trecho destacado do abaixo-assinado do movimento Médicos pela Vida, que desincentiva a vacinação contra a covid-19, espalha desinformação ao afirmar que as vacinas são "experimentais", "causaram diversos óbitos" e que os governantes que apoiam a vacinação estariam "subservientes ao lobby da indústria farmacêutica". Essas alegações são incorretas e não têm respaldo científico.
As vacinas contra a covid-19 passaram por todas as fases de estudos clínicos exigidas para comprovar sua segurança e eficácia, incluindo as fases 1, 2 e 3, antes de receberem autorização de uso emergencial ou aprovação definitiva. Esses ensaios clínicos envolveram dezenas de milhares de participantes e foram conduzidos de acordo com os mais altos padrões éticos e científicos, conforme os registros dos estudos e os artigos científicos publicados mostrando os resultados das pesquisas envolvendo as vacinas aprovadas. A autorização emergencial, utilizada em diversos países, foi uma medida que visava acelerar o processo de disponibilização das vacinas para enfrentar a emergência de saúde pública global, mas é importante ressaltar que a autorização emergencial não é uma forma de pular as etapas das pesquisas envolvendo as vacinas. Essa autorização, na verdade, consiste em acelerar os trâmites burocráticos para que as vacinas chegassem mais rapidamente à população. Apesar da aprovação de caráter emergencial, a análise dos resultados que comprovaram a segurança e a eficácia das vacinas foi realizada pelos órgãos sanitários, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e somente após o cumprimento de critérios rigorosos, as vacinas foram, de fato, aprovadas para uso.
Além disso, todas as vacinas continuam sendo monitoradas na fase 4 (pós-comercialização), garantindo acompanhamento constante. A fase 4 dos estudos clínicos das vacinas consiste exatamente em um monitoramento contínuo enquanto a população faz uso das vacinas. Essa fase 4 é importante como etapa de farmacovigilância e é parte do processo de utilização de qualquer vacina ou medicamento. É por meio desse monitoramento que novos eventos adversos vão sendo registrados e analisados para verificar se há relação causal com o uso da vacina. Os eventos adversos graves relacionados às vacinas contra a covid-19 são extremamente raros e, mesmo quando ocorrem, são amplamente superados pelos benefícios da vacinação. Por exemplo, condições como miocardite e trombose foram identificadas como possíveis eventos adversos em casos muito raros e específicos, mas a própria covid-19 apresenta um risco muito maior de levar ao desenvolvimento dessas condições. Estudos apontam que a vacinação, além de proteger contra a gravidade da doença, também reduz o risco cardiovascular associado à covid-19 grave, como infarto, AVC e tromboembolismo. Um estudo recente realizado na Inglaterra, com quase 46 milhões de pessoas, mostrou que os riscos cardiovasculares são significativamente menores em indivíduos vacinados do que em pessoas que contraíram a doença.
Ao contrário do que afirma o movimento Médicos Pela Vida, não há evidências de que as vacinas tenham causado "diversos óbitos". Para comprovar que um óbito ocorrido após a vacinação tenha sido causado pela vacina é necessária uma investigação, e os resultados das investigações não apontaram um número elevado de óbitos relacionados à vacinação. É importante esclarecer também que o monitoramento da fase 4 permite remover determinado produto do mercado se os riscos forem maiores que os benefícios. Os dados coletados nos diversos países que aderiram à vacinação, na verdade, mostram que as vacinas salvaram milhões de vidas. O Imperial College London estimou que a vacinação evitou, no Brasil, entre 700 e 880 mil mortes até o final de 2021. O monitoramento das vacinas mostra um perfil de segurança normal e dentro dos parâmetros para a continuidade do uso. Até junho de 2023, o boletim epidemiológico de monitoramento da segurança das vacinas de covid-19, divulgado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, ligada ao Ministério da Saúde, apontou que, de quase 385 milhões de doses de vacinas aplicadas, apenas 50 óbitos tiveram relação com a vacinação. O total de notificação de óbitos supostamente atribuídos à vacinação foi de 4.458, somando-se todos os tipos de vacinas aplicadas (Astrazeneca, Pfizer, Coronavac e Janssen). Após revisão das avaliações de causalidade, apenas 50 óbitos tiveram relação causal consistente com a vacinação, isto é, 0,013 casos a cada 100 mil doses aplicadas.
A rapidez no desenvolvimento e na distribuição das vacinas contra a covid-19 só foi possível graças aos investimentos governamentais massivos nas pesquisas, e não exclusivamente pela iniciativa privada. A comunidade científica contou com décadas de pesquisa prévia em tecnologias, como as vacinas de vetor viral e mRNA, e uniu esforços para enfrentar a emergência sanitária global. Governos de todo o mundo trabalharam em parceria com instituições científicas para assegurar que as vacinas fossem desenvolvidas e distribuídas com celeridade, contribuindo para salvar vidas e reduzir os impactos da pandemia. É incorreto sugerir que o apoio governamental à vacinação foi motivado por interesses externos ou lobby, quando, na realidade, foi uma resposta urgente à crise de saúde pública mundial.
O abaixo-assinado do movimento Médicos pela Vida é um exemplo claro de desinformação em saúde pública, que prejudica a confiança da população na vacinação e na ciência. As vacinas contra a covid-19 são seguras, eficazes e resultaram em uma redução drástica nas hospitalizações e nos óbitos em decorrência da doença. É fundamental reforçar que a vacinação foi e ainda é importante para controlar a doença, diminuir os efeitos devastadores nos sistemas de saúde e reduzir a mortalidade excessiva causada pela covid-19. Disseminar informações científicas corretas é essencial para combater a hesitação vacinal, impedir o avanço de movimentos antivacina e fortalecer a saúde pública.
Fontes
Brasil. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico, volume 54, nº 10. Monitoramento da segurança das vacinas covid-19 no Brasil até a semana epidemiológica n.º 11 de 2023. | CDC. U.S. Centers for Disease Control and Prevention. Coronavirus Disease 2019 (covid-19) Vaccine Safety. 30 out 2024. | FDA U.S. Food and Drug Administration. Covid-19 Vaccine Safety Surveillance. 7 dez 2021 | Graña C, et al. Efficacy and safety of covid-19 vaccines. Cochrane Database Syst Rev. 2022. | Ip, S et al. Cohort study of cardiovascular safety of different COVID-19 vaccination doses among 46 million adults in England. Nat Commun. 2024. | Majeed A, et al. Assessing the long-term safety and efficacy of covid-19 vaccines. J R Soc Med. 2021 | OMS Organização Mundial da Saúde. Segurança das vacinas covid-19. 31 mar 2021. | Polack FP, et al.; C4591001 Clinical Trial Group. Safety and efficacy of the BNT162b2 mRNA covid-19 vaccine. N Engl J Med. 2020. | Sadoff J, et al.; ENSEMBLE Study Group. Safety and efficacy of single-dose Ad26.COV2.S vaccine against covid-19. N Engl J Med. 2021. | Tanriover MD, et al.; CoronaVac Study Group. Efficacy and safety of an inactivated whole-virion SARS-CoV-2 vaccine (CoronaVac): interim results of a double-blind, randomised, placebo-controlled, phase 3 trial in Turkey. Lancet. 2021. | Voysey M, et al.; Oxford Covid Vaccine Trial Group. Safety and efficacy of the ChAdOx1 nCoV-19 vaccine (AZD1222) against SARS-CoV-2: an interim analysis of four randomised controlled trials in Brazil, South Africa, and the UK. Lancet. 2021. | WHO World Health Organization. Coronavirus disease (covid-19): vaccines and vaccine safety. 8 out 2024. | WHO World Health Organization. Vaccine efficacy, effectiveness and protection. 14 jul 2021.