Descrição
Durante a palestra de apresentação do Plano Estratégico de Enfrentamento à Covid-19 no Amazonas, a Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, lista os medicamentos distribuídos para o estado, destacando os 120.000 comprimidos de hidroxicloroquina destinados ao tratamento precoce da população, mesmo sendo ineficazes no combate à doença.
Até essa data, registravam-se 203.580 óbitos pela covid-19.
Dados do site https://covid.saude.gov.br
Informações Gerais
Descrição
Durante a palestra de apresentação do Plano Estratégico de Enfrentamento à Covid-19 no Amazonas, a Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, lista os medicamentos distribuídos para o estado, destacando os 120.000 comprimidos de hidroxicloroquina destinados ao tratamento precoce da população, mesmo sendo ineficazes no combate à doença.
Tipo da evidência
Formato
Atores envolvidos
Temas
Agentes institucionais envolvidos
Número de óbitos registrados na época em que este fato aconteceu
203580
Dados da fonte de informação
Data da publicação
11 de janeiro de 2021
Título original
Apresentação do Plano Estratégico de Enfrentamento à covid-19 no Amazonas.
Fonte de coleta (Dados da fonte de informação)
Ministério da Saúde
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O que diz a ciência
Conteúdo sobre o que diz a Ciência
Em 11 de janeiro de 2021, durante a apresentação do Plano Estratégico de Enfrentamento à Covid-19 no Amazonas, a Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, destacou a distribuição de 120 mil comprimidos de hidroxicloroquina para o “tratamento precoce” da doença.
Uma das principais defensoras do uso da hidroxicloroquina, Mayra Pinheiro atuou ativamente para promover o medicamento como parte do chamado “tratamento precoce” da covid-19. Entre suas ações está o pedido de autorização à Secretaria Municipal de Saúde de Manaus para realizar visitas às Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade, com o objetivo de divulgar esse tratamento.
A cloroquina e a hidroxicloroquina são medicamentos amplamente utilizados desde a década de 1930 para o tratamento da malária e, mais recentemente, prescritos para doenças autoimunes como artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico. Seus efeitos adversos estão bem documentados na literatura científica e nas bulas dos medicamentos, incluindo o prolongamento do intervalo QT, que aumenta o risco de arritmias cardíacas malignas.
Desde maio de 2020, entidades como a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e o Conselho Nacional de Saúde (CNS) já alertavam contra o uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19, devido à ausência de eficácia comprovada e aos potenciais efeitos adversos que poderiam agravar o estado de saúde dos pacientes.
Em outubro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou os resultados de um estudo coordenado pela própria entidade, que concluiu que a hidroxicloroquina não apresentou impacto significativo na redução da mortalidade, nem na necessidade de ventilação mecânica, nem no tempo de internação.
A insistência na aquisição e na ampla distribuição da hidroxicloroquina configurou-se, portanto, como uma medida anticientífica, contrariando as recomendações de entidades internacionais de saúde. Além disso, em 17 de julho de 2020, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) publicou uma diretriz médica desaconselhando o uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19, na qual enfatizava que os recursos públicos deveriam ser destinados à aquisição de medicamentos com eficácia e segurança comprovadas, que estavam escassos nos hospitais e eram essenciais para o tratamento de pacientes com covid-19. Dentre tais medicamentos destacavam-se anestésicos para intubação orotraqueal, bloqueadores neuromusculares para pacientes em ventilação mecânica e também dispositivos como oxímetros para o diagnóstico precoce de hipóxia silenciosa, entre outros.
Assim, a recomendação do uso da hidroxicloroquina representou não apenas uma ação irresponsável, mas também um desvio significativo de recursos públicos essenciais, que poderiam ter sido aplicados na aquisição de equipamentos e insumos indispensáveis aos profissionais de saúde para o enfrentamento adequado da pandemia.
Fontes
Bula da Hidroxicloroquina | Fihn SD et al. Caution needed on the use of chloroquine and hydroxychloroquine for coronavirus disease 2019. JAMA Netw Open. 2020. | Informe nº 16 da Sociedade Brasileira de Infectologia sobre: atualização sobre a hidroxicloroquina no tratamento precoce da covid-19. 17 jul 2020 | Nota Pública: CNS alerta sobre os riscos do uso da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da covid-19. 22 mai 2020. | PAHO, Pan American Health Organization. Covid-19: Chloroquine and hydroxychloroquine research. Rapid Review. 8 mai 2020. | WHO Solidarity Trial Consortium. Repurposed Antiviral Drugs for Covid-19 - Interim WHO Solidarity Trial Results. N Engl J Med. 2021.