Descrição
Ministro Marcelo Queiroga diz que é contra a obrigatoriedade do uso de máscaras, em entrevista ao Terça Livre, que encerrou as atividades após a determinação de exclusão do canal do YouTube pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Até essa data, registravam-se 571.662 óbitos pela covid-19.
Dados do site https://covid.saude.gov.br
Informações Gerais
Descrição
Ministro Marcelo Queiroga diz que é contra a obrigatoriedade do uso de máscaras, em entrevista ao Terça Livre, que encerrou as atividades após a determinação de exclusão do canal do YouTube pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Tipo da evidência
Formato
Atores envolvidos
Temas
Agentes institucionais envolvidos
Número de óbitos registrados na época em que este fato aconteceu
571662
Dados da fonte de informação
Data da publicação
18 de agosto de 2021
Fonte de coleta (Dados da fonte de informação)
Perfil de Marcelo Queiroga
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O que diz a ciência
Conteúdo sobre o que diz a Ciência
Em entrevista concedida ao canal Terça Livre — que encerrou suas atividades por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) —, no YouTube, o então Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, declarou ser contra a obrigatoriedade do uso de máscaras. Ele argumentou que o uso deveria resultar de um “ato de conscientização” e não ser imposto com aplicação de multas.
Desde os primeiros momentos da pandemia de covid-19, antes mesmo que a doença fosse declarada uma pandemia, já se sabia que o SARS-CoV-2, vírus causador da doença, era transmitido por gotículas e aerossóis liberados pelas vias respiratórias. Frente à rápida disseminação do vírus, medidas de controle epidemiológico, como o isolamento social e o uso de máscaras, foram implementadas em diversos países.
Em março de 2020, pesquisadores do Imperial College de Londres publicaram um estudo utilizando modelos matemáticos para simular o impacto de intervenções não farmacológicas no controle do vírus. Os resultados indicaram que medidas combinadas eram necessárias para reduzir significativamente a transmissão. Nesse contexto, o uso de máscaras faciais emergiu como uma ferramenta central para conter a propagação do SARS-CoV-2.
Inicialmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendava o uso de máscaras apenas para pessoas doentes e profissionais de saúde, devido à preocupação com o fornecimento limitado desses equipamentos. No entanto, conforme a pandemia avançava, evidências científicas mostravam que pessoas assintomáticas e pré-sintomáticas também contribuíam para a disseminação do vírus. Em 6 de abril de 2020, a OMS emitiu orientações específicas sobre o uso de máscaras, recomendando seu uso por toda a população, inclusive máscaras de tecido caseiras, como uma barreira física contra a transmissão.
No Brasil, medidas preventivas foram estabelecidas pela Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, e pela Portaria nº 327, de 24 de março de 2020, que incluíam a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI). Contudo, o uso obrigatório de máscaras faciais foi regulamentado principalmente por decretos estaduais e municipais. Estudos realizados em 2020 já confirmavam a eficácia das máscaras na contenção do vírus, com as máscaras N95/PFF2 apresentando os melhores resultados em termos de filtragem e vedação, seguidas pelas máscaras cirúrgicas. Embora máscaras de tecido apresentassem menor eficácia, ainda ofereciam mais proteção do que não usar nenhuma máscara.
A retórica que enfatiza a não obrigatoriedade do uso de máscaras, como a defendida por Queiroga, abre espaço para debates sobre a necessidade dessa medida de proteção. Essa postura ignora o papel fundamental das máscaras na contenção do SARS-CoV-2, especialmente para proteger os mais vulneráveis, como idosos e pessoas com comorbidades, que têm maior risco de desenvolver quadros graves da covid-19.
Assim, enquanto a conscientização é de fato importante, a obrigatoriedade do uso de máscaras em situações críticas de saúde pública reflete uma estratégia baseada em evidências para proteger a coletividade e reduzir a disseminação do vírus.
Fontes
Cheng Y et al. Face masks effectively limit the probability of SARS-CoV-2 transmission. Science. 2021. | Chu DK et al. COVID-19 Systematic Urgent Review Group Effort (SURGE) study authors. Physical distancing, face masks, and eye protection to prevent person-to-person transmission of SARS-CoV-2 and COVID-19: a systematic review and meta-analysis. Lancet. 2020. | Ferguson NM et al. Report 9: Impact of non-pharmaceutical interventions (NPIs) to reduce COVID-19 mortality and healthcare demand. Imperial College COVID-19 Response Team. 16 mar 2020. | OPAS, Organização Pan-Americana de Saúde. Orientação sobre o uso de máscaras no contexto da COVID-19. Orientação provisória. 6 abr 2020 | WHO, World Health Organization. Modes of transmission of virus causing covid-19: implications for IPC precaution recommendations. Scientific Brief. 26 mar 2020.