Deputado Eduardo Bolsonaro e sua fala sobre o uso de máscaras

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Em uma reportagem publicada pelo portal Poder360, em 11 de março de 2021, o deputado Eduardo Bolsonaro fez uma declaração polêmica ao sugerir que as pessoas “enfiassem a máscara no rabo”, após ser criticado por não usar o equipamento de proteção durante uma viagem da comitiva brasileira a Israel. A fala ocorreu em um momento em que o uso de máscaras era amplamente recomendado por autoridades sanitárias e especialistas como uma das medidas para reduzir a transmissão da covid-19, especialmente em ambientes fechados, como aviões.
Na época, as evidências científicas já apontavam para a efetividade do uso de máscaras como uma das ferramentas para o controle da pandemia. Uma publicação de fevereiro de 2021, no Journal of the American Medical Association (JAMA), de autoria de pesquisadores do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos, destacou que, embora a eficácia do uso comunitário de máscaras para reduzir infecções respiratórias fosse controversa antes da pandemia, o cenário mudou com o surgimento da covid-19. Durante a pandemia, acumulou-se um volume significativo de evidências que comprovavam a importância do uso de máscaras para mitigar a disseminação do vírus.
Outro estudo relevante, realizado por pesquisadores da Universidade de Tóquio, simulou a transmissão aérea do SARS-CoV-2 por meio de aerossóis e testou a eficácia de diferentes tipos de máscaras. Os resultados mostraram que o uso de máscaras, especialmente por parte de indivíduos infectados, reduzia consideravelmente a dispersão do vírus, embora não bloqueasse completamente a transmissão. Isso reforçou a ideia de que o uso generalizado de máscaras era uma medida eficaz para proteger a população.
Além disso, pesquisadores do Imperial College de Londres publicaram, em março de 2020, um estudo que utilizou modelos matemáticos para avaliar o impacto de intervenções não farmacológicas no controle da pandemia. Os resultados indicaram que estratégias combinadas eram fundamentais para reduzir significativamente a transmissão do vírus. Também em 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou a importância das máscaras como uma das principais medidas de prevenção, inicialmente recomendando seu uso para pessoas infectadas e, posteriormente, estendendo a orientação para toda a população, à medida que se consolidavam as evidências sobre a transmissão por indivíduos assintomáticos e pré-sintomáticos infectados pelo SARS-CoV-2 (vírus causador da covid-19).
Diante da gravidade da crise sanitária, a adoção de medidas coletivas, como a obrigatoriedade do uso de máscaras, mostrou-se necessária para evitar o colapso dos sistemas de saúde e reduzir o impacto da pandemia. Portanto, declarações que desvalorizam ou ridicularizam o uso de máscaras, como a do deputado, não apenas contrariam as recomendações científicas, mas também desconsideram o esforço coletivo necessário para enfrentar uma crise de saúde pública de proporções globais.