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Contágio/Imunização de rebanho

Durante os primeiros meses da pandemia de covid-19 surgiu a ideia de que permitir a disseminação generalizada do vírus poderia levar à chamada “imunidade de rebanho”. Essa teoria propunha que, ao serem infectadas, as pessoas desenvolveriam imunidade, protegendo a si mesmas e à comunidade. Contudo, ao contrário da imunidade coletiva alcançada pela vacinação, essa abordagem natural apresenta graves falhas científicas e éticas.

Ainda em 2020 já era evidente que a infecção pelo SARS-CoV-2 não garantia imunidade duradoura e que as reinfecções eram possíveis, muitas vezes mais graves que as infecções anteriores. Além disso, a disseminação descontrolada do vírus geraria altos índices de hospitalização e mortes, sobrecarregando o sistema de saúde e expondo a população a riscos desnecessários, incluindo sequelas da covid longa, hoje associada a mais de 200 sintomas crônicos.

No Brasil, de acordo com as evidências reunidas neste acervo, a adesão do governo federal à estratégia de imunização por contágio (imunidade de rebanho) aprofundou as consequências da crise sanitária. Ao optar por não implementar medidas eficazes, como a compra célere de vacinas e o incentivo ao isolamento social, essa política negligente ampliou o impacto da pandemia, colocando vidas em risco, especialmente as mais vulneráveis. A “imunidade de rebanho” por contágio, além de cientificamente infundada, revelou-se uma escolha política que desconsiderou a importância da saúde pública e da ciência.